Faculdade: Ainda é o Caminho Certo? #011

Nos dias de hoje, com o ensino superior mais acessível, um diploma já não é o grande diferencial competitivo que era no passado. O mercado valoriza cada vez mais habilidades práticas, experiências e resultados, e, em muitos casos, um curso superior deixou de ser a principal referência de qualificação.

Ainda assim, considerando como o ensino superior se tornou mais comum e, de certa forma, esperado em várias realidades, para mim, fazia sentido encará-lo como o "mínimo". Então, pensando assim, por que não ter, se é o "mínimo"?

Na minha família, minha mãe sempre foi mais conservadora, e meus pais tinham condições de me proporcionar essa oportunidade. Por isso, decidi me formar — e dar esse orgulho para eles. Foi uma escolha que fiz por respeito e gratidão. Mas preciso ser honesto: se não fosse essa "obrigação" que sentia com eles, provavelmente eu não teria terminado. Hoje, vejo o diploma como uma pequena validação, algo que não define quem sou nem onde cheguei, mas que, naquele momento, fez sentido.

É claro que não estou entrando no mérito de profissões como medicina, direito, engenharia ou tantas outras em que a faculdade é o único caminho para obter a especialização técnica necessária. Esses cursos são fundamentais e insubstituíveis para quem quer atuar nessas áreas. O que estou compartilhando aqui se aplica única e exclusivamente ao meu caso — como empreendedor, empresário e alguém que atua diretamente na construção e administração de negócios. Nesse contexto, o aprendizado prático, a vivência no mercado e a capacidade de tomar decisões pesam muito mais do que um diploma.

Agora, sendo direto: valeu a pena ter feito administração? Para mim, não. Pelo menos, não a faculdade que eu cursei. Se pudesse voltar no tempo, talvez tivesse escolhido outro caminho. Hoje, existem faculdades mais modernas e com abordagens inovadoras, como a Link School of Business, que talvez fossem mais alinhadas ao que eu buscava — mas não posso afirmar, porque só posso falar do que vivi.

Das disciplinas que cursei, a única que realmente teve relevância na minha jornada foi a de contabilidade. Entender de números, DRE e fluxo de caixa é fundamental para qualquer empresário. É um conhecimento que carrego até hoje e que me ajuda a tomar decisões melhores.

Pensando assim, talvez tivesse sido mais útil fazer um curso de contabilidade. Direito também poderia ter sido uma escolha interessante, já que lidamos o tempo todo com contratos, impostos e questões burocráticas. Claro que tudo isso é delegado a especialistas e advogados, mas entender os fundamentos faz toda a diferença. No meu caso, confesso que direito não seria o ideal porque nunca fui muito fã de ler.

Para quem busca desenvolver o raciocínio lógico e se desafiar com números, engenharia pode ser uma boa opção. Eu mesmo cursei um ano de engenharia de produção. Mas desisti. Não gostava de química e física, e essas matérias me tiravam mais energia do que agregavam. Sempre fui bom em matemática, então não fazia sentido insistir em algo que só me desgastava em vez de contribuir para o meu desenvolvimento.

Ainda assim, acho importante levantar alguns pontos que podem te ajudar a refletir e chegar à sua própria conclusão sobre faculdade. Porque, no final das contas, cada jornada é única, e a decisão de investir tempo e dinheiro em um curso superior precisa fazer sentido para o que você quer construir.

Três aspectos importantes a considerar:

1. Disciplina e compromisso
Se você tem fome de aprender por conta própria e acredita que pode desenvolver sua vida sem depender de um diploma, talvez a faculdade não seja essencial para você. No entanto, mesmo que o conteúdo do curso em si não seja tão relevante, a faculdade exige um mínimo de disciplina: ir às aulas, entregar trabalhos, fazer provas. Essa rotina pode ser um excelente exercício para desenvolver comprometimento e resiliência — habilidades fundamentais para qualquer jornada.

2. Networking e oportunidades
A faculdade pode ser um ambiente incrível para criar conexões. É um espaço onde você pode encontrar parceiros de negócio, expandir sua rede de contatos ou até mesmo ter acesso a oportunidades que dificilmente surgiriam em outro lugar. No meu caso, confesso que não aproveitei a faculdade para nada disso — mas reconheço que, para muita gente, essa pode ser a maior vantagem de cursar uma graduação.

3. Investimento financeiro
Faculdade custa caro. Em uma particular, as mensalidades giram em torno de R$ 2.000,00. Ao longo de quatro anos, estamos falando de quase R$ 100.000,00 de investimento. Agora, pense no que poderia ser feito com esse valor. Com disciplina e vontade, você pode aprender muito pela internet e, quem sabe, até começar um negócio com esse capital. E, sinceramente, nada substitui a prática quando o assunto é aprendizado e crescimento.

No final das contas, não existe uma resposta certa ou errada. Tudo depende da sua realidade, do seu contexto e dos seus objetivos. Pode ser sobre habilidades técnicas que você já tem, características naturais do seu comportamento, sua ambição ou até a priorização de capital por questões financeiras.

Mas uma coisa é certa: quando falamos de empreendedorismo, a faculdade pode não ser para todo mundo, mas o aprendizado é indispensável — seja dentro ou fora dela.

Até semana que vem,
Thiago Chiká
Fundador e CEO da ACTO