Mostrei a ACTO para o meu terapeuta. 🧠 #008
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Mostrei a ACTO para o meu terapeuta. 🧠 #008

Um relato pessoal sobre conquistas, expectativas e a busca por significado. Mostrei a ACTO ao meu terapeuta e isso me levou a reflexões sobre sucesso, autenticidade e o que realmente importa.

Thiago Chiká
4 min
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Talvez essa seja a carta mais sem sentido que eu já escrevi. Ou talvez seja a mais importante. Porque, no fundo, é sobre algo que todos nós, em algum momento, tentamos entender: o que é o sucesso? E mais ainda: o que ele significa para mim?

Desde que eu nasci, fui criado para ser o menino perfeito. Não no sentido de ser perfeito de verdade — isso ninguém consegue. Mas eu tinha que parecer perfeito. Sempre com roupas combinando, educado, sentadinho na cadeira do cabeleireiro sem reclamar. Lembro dos elogios por essas pequenas atitudes, seja da minha própria família, como de pessoas ao meu redor. Por mais simples que fossem, esses momentos moldaram quem eu sou e o que eu buscava ser. Esses pequenos episódios, somados ao longo de toda a criação, têm um impacto muito grande no nosso subconsciente quando somos menores.

Talvez tenha sido assim porque minha mãe também foi criada dessa forma. Ela é uma pessoa extraordinária e me passou tanto — mas, como qualquer mãe, ela queria o melhor para mim. Sem perceber, talvez o "melhor" se tornou sinônimo de perfeição. Mas, perfeição não existe.

Como vou ser algo que não existe?

Simon Sinek fala sobre como os millennials cresceram ouvindo que eram únicos, especiais, capazes de conquistar tudo o que quisessem. Fomos motivados, mas também sobrecarregados. Quando entramos na vida adulta, a realidade bate de frente: o mundo não nos recompensa apenas pelo esforço, e muito menos pelas promessas que ouvimos na infância.

E então vem o imediatismo. A necessidade de tudo ser rápido e recompensador, de sentir que estamos conquistando algo constantemente. Muitos millennials ainda vivem nessa busca — pela próxima realização, pelo próximo marco de sucesso, pela validação. A Gen Z, da qual faço parte, que já nasceu imersa no digital, leva isso a um novo nível. Buscam autenticidade acima de tudo, mas ironicamente, encontram-se presos à pressão de parecer "autênticos" o tempo todo. Ser especial, perfeito ou autêntico? Tudo isso parece um ciclo sem fim.

E o que tem de errado nisso? A princípio, nada. Mas, ao longo do tempo, percebi que medir meu valor pelas minhas conquistas ou pelo que aparentava ser era perigoso. Porque quando o “melhor” é algo externo — um diploma, uma empresa de sucesso, um relógio incrível — a busca nunca termina. Sempre há mais um objetivo, mais uma validação.

Esses dias, levei a ACTO para a terapia. Mostrei ao meu terapeuta tudo o que tínhamos conquistado: os relógios, as campanhas, o significado por trás da marca. Ele ouviu atentamente, elogiou, mas depois me perguntou: “O que você vê aqui, Thiago? É o que você realmente quer ou o que acha que deveria querer?”

Foi uma pergunta que me fez pensar em muitas coisas. Como os eventos que meu pai me levava quando eu era adolescente. Cursos de mentalidade, de negócios, sobre ser vencedor. E eu me pergunto: será que aquilo me moldou de uma forma positiva, estimulando a ambição ou me ensinou que só teria valor se fosse grande, se conquistasse tudo?

Quando criei a ACTO, não comecei desenhando relógios exatamente como queria. No início, era uma curadoria de peças que eu gostava, mas que, por algum motivo, não me representavam completamente. Eu evitava usar alguns modelos. Não porque não eram bons, mas porque, no fundo, parecia que aquilo não era 100% meu. Era como se fosse “falso” para mim. Parecia incompleto.

E aí está o ponto: o que é meu? O que é seu?

Nossa tagline — Busque o que é seu — talvez reflita isso. Essa busca insaciável por entender o que, de fato, é meu. Não só em termos de coisas materiais, mas do que me faz sentir realizado.

Hoje, quando penso no sucesso, minha definição é esta: estar em paz e feliz com o que tenho, mas manter o fogo e a vontade de buscar mais, sem me perder no caminho. Talvez o sucesso seja, na verdade, o equilíbrio entre o que conquistamos externamente e o que sentimos internamente. Não basta criar algo incrível se, no final do dia, isso não ressoa com a nossa verdade.

Por trás do mostrador de cada relógio, há engrenagens que trabalham em harmonia para marcar o tempo. Assim como, por trás de cada um de nós, há histórias, medos e anseios que moldam quem somos. O sucesso, para mim, é aprender a ouvir essas engrenagens internas e viver de forma alinhada com elas.

Viva. Busque o que é seu.

Mas será que buscar o que é seu significa conquistar mais coisas ou, talvez, encontrar a sua própria verdade? Afinal, o que é realmente seu está mais perto do que você imagina — basta olhar para dentro.

Grande abraço e até semana que vem,

Thiago Chiká
Fundador e CEO da ACTO