O rosto por trás da marca: até onde ele deve ir? 🤔 #010
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O rosto por trás da marca: até onde ele deve ir? 🤔 #010

Mostrar ou não o rosto por trás da sua marca? Compartilho minha experiência e reflexões sobre identidade, conexão e como construir algo que viva além de quem a criou.

Thiago Chiká
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Na última semana, recebi uma pergunta interessante: "O que você acha sobre mostrar o rosto por trás da marca no início?" É uma dúvida que já passou pela minha cabeça várias vezes e que, talvez, você também já tenha considerado.

Essa questão é mais complexa do que parece à primeira vista, porque toca diretamente na identidade da marca. Mostrar o rosto do criador pode fazer total sentido — ou ser completamente incoerente — dependendo de quem é o público-alvo e de como a marca foi concebida.

Pense nisso: se a marca é uma extensão direta de quem você é, se carrega seus valores, seu estilo de vida e sua visão, então é natural que você seja o rosto dela. Nesse caso, sua história pessoal se entrelaça com a narrativa da marca, e sua presença agrega valor, autenticidade e conexão.

Por outro lado, há marcas que não têm nada a ver com a pessoa por trás delas. Talvez o público-alvo seja completamente diferente do criador, ou o propósito da marca vá além da individualidade de quem a fundou. Nesse cenário, colocar o rosto do fundador pode até confundir a audiência. Afinal, a marca precisa ser coerente com quem ela serve, e não necessariamente com quem a criou.

Vantagens de ser o rosto da sua marca

Se você já é uma figura conhecida, mostrar o rosto pode acelerar a conexão com o público. Celebridades que criam marcas, por exemplo, já possuem credibilidade e reconhecimento. Essa visibilidade inicial é um grande atalho para conquistar confiança e atenção.

Mesmo para quem não é famoso, humanizar a marca com um rosto pode criar uma ponte poderosa com o público. As pessoas se conectam com histórias reais, com jornadas pessoais. Se sua marca é sobre você e o que você acredita, ser o rosto dela faz todo o sentido.

Os riscos de depender demais de um rosto

Por outro lado, há riscos em depender excessivamente da imagem do fundador. Uma marca que se apoia inteiramente em uma pessoa pode ficar limitada a longo prazo. O que acontece se o criador quiser se afastar ou for obrigado a sair de cena? A marca pode perder relevância, valor e até desejo, especialmente se não tiver construído uma identidade independente.

Marcas duradouras precisam viver além de seus fundadores. Elas precisam ser capazes de prosperar e se reinventar, mesmo quando o rosto inicial não estiver mais por perto. Essa é uma preocupação que levo muito a sério ao construir a ACTO.

Minha experiência com a ACTO

Quando lancei a ACTO, optei por deixá-la falar por si mesma. No início, a marca não estava fortemente atrelada à minha imagem. Hoje, como fundador e CEO, tenho uma posição mais visível, mas vejo isso como uma etapa do processo, não como um destino final. A ACTO está sendo estruturada para ser maior do que eu, capaz de crescer e se conectar com diferentes pessoas ao longo do tempo.

No futuro, a ACTO precisa estar preparada para ser liderada por outros nomes, seja um novo CEO ou um diretor criativo que traga sua própria visão para a marca. Assim como grandes marcas como Louis Vuitton, que frequentemente renovam seus diretores criativos para refletir novos tempos e tendências, acredito que a ACTO deve ter essa flexibilidade para continuar se reinventando e se mantendo relevante, sem perder sua essência.

Isso não significa que minha presença hoje seja irrelevante, mas sim que estou construindo algo que tenha vida própria. Quero que a ACTO seja um legado — algo que transcenda a minha história pessoal e possa representar diferentes gerações e perspectivas no futuro.

Vale a pena? Depende.

Essa questão é importante porque, nos dias de hoje, as pessoas buscam conexão. E nada conecta mais do que pessoas. Colocar o rosto por trás da sua marca pode ser uma estratégia poderosa — mas, como tudo na vida, tem seus prós e contras.

Se a marca é sobre você, sua visão e seus valores, ser o rosto dela pode ser a escolha certa. Mas, se o público-alvo e o propósito são distantes do seu universo pessoal, talvez seja melhor deixá-la brilhar sozinha.

Pessoalmente, eu prefiro que uma marca tenha força e identidade próprias, capazes de caminhar sozinhas, sem depender de um rosto específico. O rosto pode ser uma representação, um símbolo, mas não o alicerce. Quando penso na ACTO, quero que ela seja maior do que eu. Que ela possa, no futuro, ter outros rostos, outras lideranças — sejam CEOs ou diretores criativos, como vemos em grandes marcas como Louis Vuitton, que se reinventam ao longo do tempo sem perder sua essência.

Mostrar o rosto por trás da marca pode ser um diferencial, especialmente no início. Mas, ao tomar essa decisão, pergunte-se: qual é a identidade que estou construindo para a minha marca? E, no longo prazo, como ela continuará viva e relevante sem depender de mim?

Não existe uma fórmula certa. Apenas um convite para reflexão: sua marca precisa de você como rosto agora? E ela estará pronta para caminhar sozinha no futuro?

Abraços,
Thiago Chiká
Fundador e CEO da ACTO