Mostrar ou não o rosto por trás da sua marca? Compartilho minha experiência e reflexões sobre identidade, conexão e como construir algo que viva além de quem a criou.
Na última semana, recebi uma pergunta interessante: "O que você acha sobre mostrar o rosto por trás da marca no início?" É uma dúvida que já passou pela minha cabeça várias vezes e que, talvez, você também já tenha considerado. | ||
Essa questão é mais complexa do que parece à primeira vista, porque toca diretamente na identidade da marca. Mostrar o rosto do criador pode fazer total sentido — ou ser completamente incoerente — dependendo de quem é o público-alvo e de como a marca foi concebida. | ||
Pense nisso: se a marca é uma extensão direta de quem você é, se carrega seus valores, seu estilo de vida e sua visão, então é natural que você seja o rosto dela. Nesse caso, sua história pessoal se entrelaça com a narrativa da marca, e sua presença agrega valor, autenticidade e conexão. | ||
Por outro lado, há marcas que não têm nada a ver com a pessoa por trás delas. Talvez o público-alvo seja completamente diferente do criador, ou o propósito da marca vá além da individualidade de quem a fundou. Nesse cenário, colocar o rosto do fundador pode até confundir a audiência. Afinal, a marca precisa ser coerente com quem ela serve, e não necessariamente com quem a criou. | ||
Vantagens de ser o rosto da sua marca | ||
Se você já é uma figura conhecida, mostrar o rosto pode acelerar a conexão com o público. Celebridades que criam marcas, por exemplo, já possuem credibilidade e reconhecimento. Essa visibilidade inicial é um grande atalho para conquistar confiança e atenção. | ||
Mesmo para quem não é famoso, humanizar a marca com um rosto pode criar uma ponte poderosa com o público. As pessoas se conectam com histórias reais, com jornadas pessoais. Se sua marca é sobre você e o que você acredita, ser o rosto dela faz todo o sentido. | ||
Os riscos de depender demais de um rosto | ||
Por outro lado, há riscos em depender excessivamente da imagem do fundador. Uma marca que se apoia inteiramente em uma pessoa pode ficar limitada a longo prazo. O que acontece se o criador quiser se afastar ou for obrigado a sair de cena? A marca pode perder relevância, valor e até desejo, especialmente se não tiver construído uma identidade independente. | ||
Marcas duradouras precisam viver além de seus fundadores. Elas precisam ser capazes de prosperar e se reinventar, mesmo quando o rosto inicial não estiver mais por perto. Essa é uma preocupação que levo muito a sério ao construir a ACTO. | ||
Minha experiência com a ACTO | ||
Quando lancei a ACTO, optei por deixá-la falar por si mesma. No início, a marca não estava fortemente atrelada à minha imagem. Hoje, como fundador e CEO, tenho uma posição mais visível, mas vejo isso como uma etapa do processo, não como um destino final. A ACTO está sendo estruturada para ser maior do que eu, capaz de crescer e se conectar com diferentes pessoas ao longo do tempo. | ||
No futuro, a ACTO precisa estar preparada para ser liderada por outros nomes, seja um novo CEO ou um diretor criativo que traga sua própria visão para a marca. Assim como grandes marcas como Louis Vuitton, que frequentemente renovam seus diretores criativos para refletir novos tempos e tendências, acredito que a ACTO deve ter essa flexibilidade para continuar se reinventando e se mantendo relevante, sem perder sua essência. | ||
Isso não significa que minha presença hoje seja irrelevante, mas sim que estou construindo algo que tenha vida própria. Quero que a ACTO seja um legado — algo que transcenda a minha história pessoal e possa representar diferentes gerações e perspectivas no futuro. | ||
Vale a pena? Depende. | ||
Essa questão é importante porque, nos dias de hoje, as pessoas buscam conexão. E nada conecta mais do que pessoas. Colocar o rosto por trás da sua marca pode ser uma estratégia poderosa — mas, como tudo na vida, tem seus prós e contras. | ||
Se a marca é sobre você, sua visão e seus valores, ser o rosto dela pode ser a escolha certa. Mas, se o público-alvo e o propósito são distantes do seu universo pessoal, talvez seja melhor deixá-la brilhar sozinha. | ||
Pessoalmente, eu prefiro que uma marca tenha força e identidade próprias, capazes de caminhar sozinhas, sem depender de um rosto específico. O rosto pode ser uma representação, um símbolo, mas não o alicerce. Quando penso na ACTO, quero que ela seja maior do que eu. Que ela possa, no futuro, ter outros rostos, outras lideranças — sejam CEOs ou diretores criativos, como vemos em grandes marcas como Louis Vuitton, que se reinventam ao longo do tempo sem perder sua essência. | ||
Mostrar o rosto por trás da marca pode ser um diferencial, especialmente no início. Mas, ao tomar essa decisão, pergunte-se: qual é a identidade que estou construindo para a minha marca? E, no longo prazo, como ela continuará viva e relevante sem depender de mim? | ||
Não existe uma fórmula certa. Apenas um convite para reflexão: sua marca precisa de você como rosto agora? E ela estará pronta para caminhar sozinha no futuro? | ||
Abraços, |